segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Tenda das Nações


A Tenda das Nações



A história do local começa com o avô dos irmãos Daoud, Amal e Daher, que em 1916 comprou a terra 7 km ao Sudoeste de Belém. Ele registrou toda área que comprou com as autoridades otomanas, diferentemente da maioria dos palestinos que não registravam sua terra para não pagar impostos. A família cristã continuou vivendo na terra, utilizando as cavernas da área como abrigo, local de descanso, armazém e até domicílio. No ano de 1991, as autoridades israelenses declaram essa terra como "terra estatal". Uma batalha legal começou desde então. Foram 10 anos nas cortes militares israelenses, mais dez anos na Suprema Corte de Israel, onde permanece o processo até os dias de hoje. 

Bloqueio na estrada que leva para Tenda das nações
 As exigências foram constantes por parte das autoridades israelenses. Pediram mapas, fotos aéreas, documentos. Uma vez pediram testemunhas, pois consideravam os documentos insuficientes. Na vila mais próxima, Nahalin, há pessoas que trabalhavam a muito tempo para família dona da terra. Alugaram um ônibus, levaram todos para corte em Beit El, na região de Ramallah, porem não tinham permissão para passar por Jerusalém, tendo que dar a volta pelo deserto, passando por Jericó, o que demorou 2 horas devido a todos os postos de controle no caminho. Quando chegaram na corte, esperaram algumas horas para depois ser dito para eles que não havia mais necessidade de testemunhas. Solicitaram então que trouxessem o documento original de 1916. A família dona da terra teve de enviar o advogado para Istambul, pagando sua passagem e todas as despesas. Trouxeram o documento original de lá, mas não foi o suficiente. 

Nahalin (à esquerda) e Bettar Illit (à direita)

As ameaças foram constantes. Bulldozers já vieram para demolir tudo e confiscar a terra. Como é área C, sob controle militar israelense, várias estruturas, construídas sem permissões, que raramente são dadas mesmo se solicitadas, foram destruídas: tanques de água, cisternas, etc. Arvores já foram cortadas por colonos como punição (250 certa vez). Na entrada da vila, há um bloqueio de estrada, que impede que ônibus venham diretamente à Tenda das Nações, tendo todos que parar e fazer parte do caminho a pé, atravessando o blocos de pedra no caminho.


"Nos recusamos a ser inimigos."

Ainda assim, nesse local foi criado a "Tenda das Nações", cujo lema é "Nos recusamos a ser inimigos". A ideia não é ver a terra apenas para um povo, mas para todos, pois reconhecem que a terra é uma história de muitos povos. "Nós queremos autossuficiência. Queremos viver da terra", diz Amal, que coordena o projeto junto com os irmãos, "A ideia é criar uma vila de paz".


Lápide do patriarca da família da Tenda das Nações




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